Distância e silêncio

"Suas palavras me ferem profundamente, mas seu silêncio me machuca ainda mais"

Em troca dessa frase, recebo ainda mais silêncio. Se nem com a minha arma secreta eu consigo convencê-lo a falar, o que mais o faria? Eu guardo o peso do drama para quando sei que a leveza habitual do meu senso de humor não está gerando frutos. Quando uma pessoa séria diz coisas sérias, isso pode até significar alguma coisa. Mas quando alguém como eu, que cresceu se protegendo da gravidade de qualquer situação fugindo para a comédia, decide afundar o clima com palavras pesadas como essas... Bom, geralmente eu obtenho um resultado a partir daí.

No entanto, com ele eu obtive um total de nada. Ele continua olhando para o horizonte sem direcionar seu rosto para mim. Pelo contrário, é quase como se ele tivesse escolhido essa praça só para que, sob a desculpa de ver o por do sol, ele pudesse desviar ao máximo dos meus olhos. Meus olhos, que antigamente ele elevava ao patamar de mais belos que ele já tinha visto. Eu sei que é difícil competir com um por do sol no Rio de Janeiro, mas me sinto traída quando percebo que nada é capaz de atrair seu olhar de volta para mim. Será que eu o perdi para sempre?

Ele não me oferece um olhar, não me oferece um par de palavras. Somente silêncio e distância. Sentado a poucos centímetros de mim, é como se eu estivesse falando com um retrato - uma imagem que reflete a realidade de outrora, incapaz de interagir com quem eu sou aqui e agora. No meio do silêncio, na minha imaginação eu ouço gritos do que ele poderia me dizer. Honestamente até um urro de ódio a mim seria melhor que esse silêncio agora. É um castigo que ele está me dando? Ou será que é culpa minha que ele tenha drenado de toda a beleza que suas palavras sempre possuíram?

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